Page 7 - Hogar o Indomável
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Hogar, o indomável

                 os anos entre a devastação que engoliu as Ilhas de Outono
            Ne o mórbido desfecho das Guerras Andinas, muito antes
            dos pálidos e gananciosos ibéricos cogitarem lançar-se ao mar,
            houve uma época em que o homem abria caminho pela história

            através da força dos seus braços e do alcance do seu machado.
            Misterioso foi esse outrora onde a única lei era a espada, juíza
            e executora, cindindo o mundo entre aqueles que eram bons e
            aqueles que eram maus, afundando sob as entranhas da terra

            impérios inteiros, impotentes perante o soturno esquecimento
            do tempo — Oreália e Parnássia e a Terra das Torres, roídas
            por bestas tão antigas quanto os primeiros deuses, Jericoaco-
            ara cerrada em maldição no interior de uma garrafa, Carnadã,

            trazida abaixo pela Serpente.
               Memoráveis foram as conquistas dos heróis dessa época, e
            sob uma colcha de estrelas antigas seriam coroados mil reis e

            mil rainhas, mil imperadores e imperatrizes sentados em seus
            tronos opulentes, sorvendo suas glórias em cálices esculpidos
            a partir do crânio  dos inimigos,  enquanto governavam  um

            mundo ainda jovem e selvagem.
               E foi nessa época que surgiu Hogar, alguém ordinário, pre-
            guiçoso, um fanfarrão, um boa-vida, cuja maior aspiração era

            encostar-se à sombra da história e cochilar até o fim dos tempos.

               Este é um conto sobre Hogar.











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