Page 11 - Hogar o Indomável
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Hogar, o indomável

               Pilaram o chão da floresta até um aclive, onde contorna-
            ram uma série de largas saurimás carregadas de frutos ama-
            relados. O grupo encostou-se contra os troncos das árvores
            para se abastecer de algumas frutas e descansar. Foi quando

            Karioka disse:
               — Sabe, chefe, o baixinho não é tão ruim assim.

               — Está falando do Hogar?

               — Sim. Claro que ele não é perfeito, afinal, é um estrangeiro.
            Mas dos males, acredito que seja o menor.

               — O menor, com certeza — murmurou Pai Véio. — Só acho
            que ele esconde alguma coisa.

               — Enquanto esconder o rosto, pra mim está tudo certo —
            disse Abaná. — Nunca vi sujeito mais feio. Ele tem pelo gruda-
            do no queixo.

               — Aquilo é cabelo — afirmou Karioka, cheio de propriedade.

               — E como você sabe? Andou penteando a coisa, foi?
               — É apenas lógica, seu besourudo. Quando a gente fica velho
            o cabelo cai, né?

               — Né.

               — Então. Como o Hogar tá perto do chão, o cabelo gruda no
            queixo e ele sai por aí arrastando tudo.

               — Nunca pensei a respeito disso. O danado é pequeno mes-
            mo. Se andar atrás da gente na floresta, vai estar com o nariz
            bem mal posicionado.

               — Mal posicionado pra ele e pra gente. Será que o ar que ele
            respira é diferente? Gases diferentes e coisa parecida.

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