Page 13 - Hogar o Indomável
P. 13

Hogar, o indomável

               Aterrissando do outro lado, a coisa urrou e seguiu seu cami-
            nho floresta adentro, fazendo chacoalhar as árvores.

               Quando ela já estava completamente fora do alcance deles,
            Karioka experimentou atirar uma flecha.
               — Droga, chefe, o bicho desviou — disse ele, à guisa de

            desculpas.
               Lívido, Pai Véio ergueu-se do chão.

               — Pelo Grande Rio, aquilo era um mapinguari? — perguntou
            o jovem cacique, trêmulo. — Gaba, que tipo de criatura era…
            Gaba? Acordem meu conselheiro de guerra!

               — Oi? — Então o ancião olhou ao redor, da trilha de destrui-
            ção deixada pela criatura até a marca de pé impressa no ros-
            to de Pai Véio, passando pela saurimá fendida e os guerreiros

            derrubados. — Por quanto tempo eu dormi?
               Outros líderes que se vissem sob tais condições poderiam
            entrar em pânico, mas não Pai Véio. Ele possuía a frieza dos
            onze anos de idade.

               — Rastrearemos a coisa e a emboscaremos — disse, sem
            pestanejar.

               — Isso seria prudente? — perguntou Abaná, fazendo voz à
            questão que jazia na garganta de Karioka. — Se rastrearmos a
            coisa, podemos encontrá-la.

               — Prudente, não. Mas é o certo a ser feito, sim. Uma força
            como essa poderia ir em direção à aldeia. Descobriremos o que
            é, e se for hostil, nós a destruiremos. Mexam-se e encontrem

            uma pegada que possamos seguir.
               Karioka apontou para o nariz de Pai Véio e disse:

                                          35
   8   9   10   11   12   13   14   15   16   17   18