Page 17 - Hogar o Indomável
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Hogar, o indomável
soleira da minha porta.
— O por que… O p-por que…
Suando de uma vez todo o álcool que corria em suas veias, o
índio tornou-se imediatamente sóbrio. Seus olhos escuros es-
bugalharam-se, deslizando pelo casebre de Hogar como se o
nativo esperasse que as paredes viessem abaixo.
Ele agarrou o braço do anfitrião e o sacudiu.
— Temos de sair daqui o monstro está vindo pra cá eu ouvi
o berro do seu nome ele chegou numa embarcação igual a que
você tinha e saltou na praia gritando e balançando os braços e
dizendo que ia partir a sua cachola e enfiar aí dentro alguma
coisa e nós vamos morrer!
Hogar extraiu a cabeça do nativo de dentro do balde, depois
encheu o recipiente com água e despejou sobre o rosto do visi-
tante, que acordou assustado.
— Você teve um choque traumático, apagou, acordou, ficou
embriagado e depois sóbrio — disse Hogar. — É tolerável que
esteja cuspindo bobagens e desmaiando. Respire fundo e tente
me explicar com calma o que diabos aconteceu, sim?
No limite dos nervos, o nativo esforçou-se ao máximo para
impedir os tremeliques que corriam pelo corpo.
— Eu estava na praia catando conchas e pescando o jantar. É
uma praia quieta e sossegada, e vou lá sempre que preciso re-
laxar um pouco. Estava muito abatido porque Mamboláia fez
um bolo de mandioca pro Karioka, mesmo depois de eu a ter
convidado pro baile lá na cachoeira.
— Talvez seja melhor você pular para a parte que a grande
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