Page 14 - Hogar o Indomável
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Victor Franch Vargas

           — Tem uma aqui, chefe.

           O garoto respirou fundo. Não há nada mais difícil do que
         liderar, seu pai dissera, mas o antigo chefe estava errado. O
         mais difícil não era liderar, mas sim suprimir a vontade de ba-
         ter a cabeça dos subordinados uma na outra.

           — Outra pegada, Karioka.
           — Com certeza, chefe, como quiser.

           Antes que o musculoso guerreiro se lançasse ao rastro dei-
         xado pelo  monstro,  uma vozinha  trêmula  elevou-se
         detrás da saurimá.

           — A coisa berrou um nome.

           Pai Véio encarou a menina que havia dito isso.
         Ela era pequena e segurava entre os dedos um arco
         igualmente pequeno. Aos seus pés, a cabaça que carregava se
         encontrava partida.

           — Nome? — perguntou Pai Véio. — Que nome?

           Com voz tão sumida  quanto caroço de  banana,  a menina
         respondeu:
           — Hogar.


                                        *

           Àquela altura, o nativo já havia acordado.

           Ele permanecera desmaiado sobre o café da manhã de Ho-
         gar, respirando com dificuldade e fedendo a bálsamos curati-
         vos. Deitá-lo sobre o leito fora um desafio e tanto. Além de de-
         sajeitado, o hóspede gemia e resmungava cada vez que Hogar
         tentava movê-lo.

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