Page 27 - Hogar o Indomável
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Hogar, o indomável
dos sobrinhos dela, a feiticeira do rabo forcado. É uma cobra.
Come gente e tudo o mais. Vive azarando e amaldiçoando he-
róis, enganando-os e furtando bebês alheios. Às vezes, devora
alguns.
— E o que faz com os outros?
— Viram seus sobrinhos. — Arrepiado, o nativo abraçou os
joelhos.
— Existe um parasita maior do que a família? — filosofou
Hogar, retoricamente.
— Talvez o verme que está subindo pelo vão dos seus dedos
seja um competidor digno.
Hogar olhou para os pés e viu o verme.
Cinco minutos depois, arfando, o anão chutou os restos da
fogueira para longe. Havia raspado o verme usando sua espa-
da, após aquecer a lâmina.
— Nunca vi alguém fazer fogo tão rápido! — admirou-se o
indiozinho.
— Essa ferida é normal? — O anão apontou a perna.
— Se você foi grudado por um daqueles bichos, sim. Não há
com o que se preocupar, se os seus dedos não caírem. Se eles
caírem, vão virar outros vermes daquele e aí é babau.
— Será que existe algum bicho normal nessa selva, caçável e
possivelmente herbívoro?
— Talvez a titãnomosca que está descendo pra sua nuca seja,
mas eu não teria tanta certeza.
Hogar virou para trás em um salto, mas não havia nada ali.
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