Page 28 - Hogar o Indomável
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Victor Franch Vargas
Não próximo, ao menos, visto que o movimento nas árvores
sugeriam a presença de outros horrores bestiais, ocultos.
— Te peguei! — gritou o nativo.
— Você é mesmo um mestre das trapaças e gracejos. — O
sarcasmo de Hogar era tátil. — É seguro pensar que vai me
agraciar com sua presença mesmo que eu vá mais selva aden-
tro?
— Sim, mas de uma distância segura.
— Pelo menos uma boa notícia.
— Tenho o interesse profissional em saber até onde conse-
gue chegar.
— É melhor se preparar para uma longa caminhada. Estou
acostumado a sobreviver às adversidades. E já que vamos ser
assim companheiros, melhor me contar seu nome, para que
eu possa praguejar adequadamente quando você me encher a
paciência.
— Chamam-me Curumirim. Se estiver em apuros, grite meu
nome quatro vezes.
— Para que vá me acudir?
— Talvez, se não for perigoso. Senão, só vou assistir mesmo.
Ou dar no pé.
— Para um suposto trapaceiro, você é bastante sincero.
— Os melhores trapaceiros são.
Grunhindo e reunindo tanto seus pertences com toda a sua
vontade de continuar vivo, Hogar estufou o peito e mergulhou
entre as árvores, sem se despedir do Curumirim.
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