Page 29 - Hogar o Indomável
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Hogar, o indomável
Quando o anão já estava longe, o indiozinho assistiu en-
quanto mais barcos karipokas surgiam pelas águas, navegando
no silêncio cheio de segredos dos homens mortos.
*
Hogar admirava a beleza da selva do topo de uma árvore.
Era uma vista e tanto. A imensidão verde se estendia em on-
das para todos os lados, pontilhada aqui e ali pela cor vivaz dos
frutos e das flores.
E também pela cor acobreada da estranha criatura que ras-
tejava árvore acima na direção de Hogar.
O anão balançou a cabeça e tentou pensar em outra coisa.
Focou-se nos sons da natureza, os murmúrios que os galhos
farfalhantes emitiam ao roçarem uns nos outros. Havia ritmo
naquele som, uma espécie de harmonia orgânica.
E havia também o som rosnado da criatura acobreada que
escalava a árvore.
Hogar saltou para um galho mais alto. Seus colegas de raça
talvez jamais descobrissem isso, por viverem abaixo da terra
em uma região onde não existe plural ou coletivo para a pala-
vra “árvore”, mas os anões eram bastante bons em trepar em
galhos. Devido ao peso balanceado de seu corpo quadrado,
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